Não pretendo aqui abordar
as atitudes da atual gestão municipal para com o nosso Carnaval dentro da ótica
da preferência partidária, mas sim apegando-me à uma avaliação técnica e,
sobretudo, ao forte sentimento do “ser” maragojipano. O comentário abaixo é um
pouco longo, porém bastante informativo e esclarecedor sobre a “Polêmica do
Carnaval 2013”.
Classifico a postura
desta administração municipal como imatura e mesquinha em todas as situações
envolvendo suas decisões sobre a organização/planejamento do Carnaval que é
reconhecido pelo Brasil e pelo mundo como patrimônio cultural, construído e
amado pelo povo de Maragojipe. Foi evidente a falta de
compromisso e até de sensibilidade em prestigiar uma das manifestações
culturais mais importantes da nossa gente. Em momento algum foi
observada a sua preocupação em antecipar o procedimento de organização do
Carnaval, que somente foi tratado a partir de 10 de janeiro [menos de 01 mês
para o início do evento]. Desprezou-se inclusive o
processo de transição que se iniciou na primeira semana de dezembro último, não
se oficializando, em momento algum, a transferência de informações entre
gestões. Houve somente uma abordagem informal com o antigo secretário de
cultura e turismo, no qual passou as informações dos preparativos do Carnaval
2013 verbalmente. Prevendo-se, por diversas
circunstâncias, a dificuldade de captação de recursos para o evento, a antiga
gestão mobilizou-se em conjunto com a AMMA – Associação de Músicos de
Maragojipe, a fim de assegurar investimentos básicos, principalmente para a
valorização das manifestações culturais e promoção do mesmo. Nesse contexto, foram
articulados cerca de 510 mil reais – 330 mil através do IPAC, 100 mil pela
Petrobrás S/A e 80 mil pela Bahiatursa. Em certo momento, a
prefeitura reagiu como se a AMMA fosse sua inimiga, criando diversas situações
de instabilidade e provocando intrigas, inclusive, ameaçando não realizar o
próprio Carnaval. Representantes da AMMA,
temendo o risco do Carnaval de 2013 não existir - o que poderia acarretar numa
grande perda de referência do evento como produto cultural e turístico - propôs
uma construção conjunta do evento, mas a prefeitura insistia em deter toda a
gerência sobre os citados recursos, sempre ameaçando não realizar o evento. Foi cedida à prefeitura a
gestão dos 80 mil reais patrocinados pela Bahiatursa [que se constituiu na
contratação das bandas Paulinho Boca de Cantor, Motumbá e Walter Queiroz], além
do patrocínio de 100 mil reais da Petrobrás, o qual não foi concretizado,
desconhecendo-se os motivos. Mesmo assim, a prefeitura
ainda insistia em abocanhar os 330 mil reais do IPAC, propondo deixar de
investir em atividades de valorização e difusão cultural, para investir na
contratação de estrutura para o evento [sanitários químicos, segurança, palco,
som, etc]. Vendo a impossibilidade
legal de se fazer isso, a prefeitura acionou o Ministério Público, como forma
de pressionar os representantes da AMMA em ceder recursos para suprir os
interesses da prefeitura. Em paralelo, houve o
fatídico episódio da retirada dos out doors de promoção do Carnaval, previsto
no convênio do IPAC, de forma extremamente arrogante e prepotente – as mesmas
placas serviram recentemente para a promoção pessoal da atual gestora. Por último, foi ajustado,
sob a autorização do IPAC, o Plano de Trabalho do respectivo convênio,
incluindo-se a locação do Palco Principal, com som, iluminação e gerador.
Diminuiu-se o valor da decoração [prevista no convênio somente para a Praça
Conselheiro Antonio Rebouças] de 40 mil para 26,5 mil reais. No ano passado, o
valor investido na decoração do evento – elemento considerado fundamental para
a conotação do Carnaval – foi de cerca de 110 mil reais. Em 2012 foram investidos
no Carnaval de Maragojipe aproximadamente 940 mil reais, sendo 40% desse
montante de recursos da prefeitura municipal. Foi o maior investimento que o
evento já teve em toda a sua história. A previsão para 2013,
levando-se em consideração toda a importância que o Carnaval tem como produto
cultural e turístico, estava fixada em cerca de 1 milhão e 300 mil reais
[orçamento compatível com o Carnaval do Pelourinho, promovido pela Governo do
Estado], sendo a sua maioria em patrocínio, porém somente foram investidos
cerca de 500 mil reais, sendo 330 através do convênio AMMA-IPAC e 80 mil da
Bahiatursa. Neste caso, a AMMA/Governo da Bahia foram responsáveis em
bancar quase 80% do evento. A gestão municipal, em
todo o episódio, alegava a falta de recursos como fator impeditivo para a
realização do Carnaval, porém, entre 01 de janeiro e 10 de fevereiro de 2013, a
prefeitura de Maragojipe acumulou em suas contas correntes mais de 5,8 milhões
de reais em valores líquidos, sendo 2,2 milhões somente da cota do FPM, segundo
o site www.bb.com.br –
Demonstrativo de Distribuição da Arrecadação aos Municípios Brasileiros e
outras fontes. O Carnaval vinha
alcançando, a cada ano, um crescimento considerável, em todos os aspectos, mas,
em 2013, de forma bastante perceptível, esse mesmo Carnaval deu um passo atrás. Foram detectados diversos
problemas estruturais/organizacionais de elementos estratégicos como
preparação/interação com o receptivo e serviços turísticos, promoção mais
ampla, iluminação pública ineficiente, pouca segurança, diminuição dos
circuitos do evento, ausência de atrações musicais de referência da cultura
carnavalesca baiana e brasileira, inexistência do Grito do Carnaval – com seus
tradicionais concursos de marchinhas e escolha do Rei Momo e da Rainha do
Carnaval, que no ano passado teve a transmissão ao vivo da TVE -, além da
instabilidade grada pela indecisão e ameaça da prefeitura em não realizar o
Carnaval, provocando desânimo na população. O poder público foi
bastante omisso e irresponsável em todo o processo. Digo, sem exageros, que sua
participação foi patética. Provocou um processo de involução do Carnaval. A “falta de brilho” da
festa Momesca maragojipana foi percebida amplamente pelo povo e pelos
comerciantes, foi percebida pelos turistas e visitantes. Foi sentida em
todos os corações. Mas, mesmo diante de todo
esse impasse, o povo maragojipano foi guerreiro, preenchendo as ruas com sua
alegria e suas fantasias. Perante toda essa
“novela”, fica uma grande lição: não se brinca com o povo, não se menospreza
seus sentimentos, suas emoções e expectativas. O reflexo de tudo isso é
o alto grau de rejeição que a atual gestão acumulou nesse pequeno período – há
menos de completar dois meses de existência. Um recorde! É necessária uma reação
consistente e consciente a esse fatídico episódio da história cultural
maragojipana: primeiro, o poder público municipal não é “dono” do Carnaval, ele
é do povo – a prefeitura tem o papel importante de ser ordenadora do evento,
cuidar das estruturas necessárias para garantir conforto e segurança ao público
e assegurar meios para os investimentos nas políticas públicas de cultura;
segundo, é necessário um pleno amadurecimento nas relações institucionais com
os segmentos que fazem o carnaval: associações, grupos culturais, artesãos, produtores
culturais, além dos empresários do ramo do turismo [hotéis, pousadas, bares,
restaurantes e outros]. As instituições e segmentos precisam ser respeitados,
independentes e fortes, o que fortalece o próprio evento, visto que o poder
público não é onipresente e tem grandes dificuldades em atender a todas as
demandas do evento; e terceiro, torna-se, mas do que nunca, importante a
criação de instrumentos que democratizem as decisões sobre a realização do
Carnaval [isso é por demais estratégico], como Estatuto e Conselho do Carnaval,
já que esses episódios lamentáveis, de indecisão e falta de compromisso do
poder público municipal, geraram elevada insatisfação na população e em toda a
cadeia produtiva do evento, acarretando grandes prejuízos ao município [cultural,
social, econômico e moral]. Num Carnaval menos
brilhante e mais inseguro, faltaram as iniciativas concretas para continuar em
fazê-lo um elemento de destaque do povo maragojipano para o Brasil e o mundo
[para Jorge Portugal e Spike Lee] e sobraram arrogância, bacalhaus e abacaxis –
trocadilho à parte, espero que tudo isso não se transforme num enorme abacaxi
para o nosso povo.
LUIZ CARLOS
BRASILEIRO DE ANDRADE
Cidadão
Maragojipano
Um comentário:
Ola Sr: Luiz Carlos Maragogipano. realmente essa foi uma pergunta que todos nós queremos saber de vocês do PT o aconteceu ??? vocês tem uma cara de pau. rebanho de desonestos.
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